por Luiz Paulo Guanabara
Sendo a venda de drogas um crime cuja natureza é questionável, os meios de comunicação não deveriam incentivar para os próximos dias ações truculentas na favela em busca de “bandidos” escondidos. Será que a mídia dá as ordens realmente na política de segurança do Rio, como me disse há pouco tempo um coronel da Polícia Militar? Não sei se acredito nisso, mas é óbvio o poder da mídia em meio a isso tudo - o que implica responsabilidade nesse conflito em que morre muita gente, muitos inocentes. Já não basta a instalação por prazo indefinido desses batalhões de soldados de futuro incerto, que eventualmente podem vir a se tornar criminosos milicianos? Mudou quem dá as ordens, mas a opressão continua, pois antes de tudo a polícia do Rio é uma polícia violenta, com um poder enorme que utiliza na base da ignorância. Muitas vezes são uns covardes que descontam nos mais fracos, selvagens valentões. A imagem da polícia é amedrontadora principalmente para quem mora na Rocinha, onde durante décadas testemunharam constantes abusos policiais fartamente noticiados. Os “treinados para matar e torturar” não deveriam ser incentivados a baixar mais terror na Rocinha nessa hora particular e delicada. “Dá um tempo, deixa o povo respirar.” Provavelmente muitos desses bandidos que vão ser procurados na Rocinha não passam de jovens cooptados para um negócio que surge exatamente com sua criminalização, jovens em situação social de grande falta de perspectiva de trabalho e de tudo o mais. Uma justiça sensata não deveria levar em conta esses fatores? Bem, justiça e bom senso parecem não se dar bem no Brasil.